quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Mestrado na França

Salut! Hoje vamos quebrar um pouco voltando para o português pois me toquei de que nunca falei do mestrado para vocês. Obviamente que não vou fazer uma descrição das minhas matérias, apenas se quiserem, mas falar quais são os procedimentos e tudo para fazer mestrado na França. Lembrando que, se você já mora na França, é um pouco diferente, e se tem dupla nacionalidade, também. Mas o que conta mesmo é onde você estudou, então é com base nisso que eles vão fazer a escolha deles e você vai partir desse ponto. Antes de tudo, todo o processo se dá pelo site Campus France Brasil. Não há nenhum procedimento direto com as faculdades, tudo se faz pelo Campus France. É um processo longo que se inicia no fim de novembro, quando são abertas as inscrições - e termina em meados de maio, dependendo do seu resultado. O mais cedo termina em abril.
Eu fiz uma entrevista para uma colega querida no site dela, é bem interessante, dêem uma olhada: Pós no Exterior. Nela eu falo de como fiz os procedimentos e como é o mestrado lá, coisa que vim fazer aqui, mas a entrevista tá bem mastigadinha. Para quem quiser acompanhar mais de processos para se estudar no exterior, não apenas na França, ela tem uma página no facebook também: pós no exterior no facebook.
Então, voltando ao assunto, uma das maiores dúvidas é quanto às equivalências de estudos. No Brasil, temos o diploma de bacharelado ou licenciatura equivalentes a 4 ou 5 anos de estudos. Na França o equivalente a esse é a Licence, que são 3 anos de estudos. O mestrado para eles é praticamente obrigatório. Não necessariamente na mesma área - eles podem fazer a Licence em uma área, que dura três anos, e mudar para outra correlata para fazer o Master, ou nosso Mestrado, em mais dois anos de estudos. Se eles param na Licence, não podem exercer como nós, apenas como assistentes, pois já é um diploma válido, mas não é válido como todo o curso.
Uma dica: ter um diploma brasileiro de graduação não quer dizer que você vai ser aceito no mestrado. Geralmente eles aceitam mais no último ano da graduação - lá na França conheci algumas meninas brasileiras nessa situação. Aliás, a única que conheci que foi direto pro mestrado fui eu mesma - devo isso ao fato de ter feito intercâmbio lá quando estava na graduação, e, por ter ido para a mesma faculdade, eles já me conheciam.
Além de ter esse empecilho, não é apenas se inscrever e pá pum. O processo todo começa com avaliação do seu dossiê - como as faculdades americanas, na França seu percurso estudantil, desde o ensino médio, vamos dizer, é importante. Acredito que, se você tiver feito alguma atividade e tido bons resultados até antes do ensino médio, conta. Eles pedem boletim com notas para ser anexado no seu dossiê. A maior parte do processo se dá pela internet. Então, considerando que se está formado na faculdade, suas notas e atividades extracurriculares (muito importantes e bem vistas lá fora - aqui não são muito valorizadas) são igualmente avaliadas e, se você já teve experiência profissional, essa também é avaliada. Aí, na Arquitetura pelo menos, temos que fazer um portifólio com nossos trabalhos acadêmicos e profissionais, que é enviada por correio à sede do Campus France.
A partir desse momento, com todos os documentos enviados, temos que preencher, na internet mesmo, uma parte de intenções, contando porque escolhemos a França para estudar, nossos planos profissionais e acadêmicos, um resumo do que fizemos até agora também. Somos então chamados para a entrevista presencial: em francês. Uma menina que conheço, que não falava francês, foi entrevistada em português, mas isso não é bom sinal. O objetivo é te avaliar exatamente na língua. A proficiência na língua para ingressar na faculdade, seja da graduação ao doutorado, é fundamental. A entrevista é como uma entrevista de emprego, em que se avaliam seus objetivos e escolhas, e você fala um pouco de si mesmo, do seu currículo. Falem o que sentirem, obviamente dentro do contexto.
Após a entrevista, tem ainda prova de francês. Cada curso pede uma prova diferente. Eu fiz o TCF, mas se tiver o DALF também é aceito. DALF é mais caro e mais difícil, mas é válido para toda a vida. O TCF tem validade de dois anos e é prova classificatória - a não ser que se zere, o que é bem difícil, não tem como reprovar, ela vai avaliar o seu nível. Obviamente que há um nível mínimo para ser aceito na faculdade. E isso é eliminatório. Portanto, francês na ponta da língua e do lápis se quiser ser aceito.
Todas as etapas são feitas às cegas: o resultado de tudo só sai no final. Na entrevista dá para se ter uma ideia se a pessoa tem um bom currículo e um bom nível da língua também. Jamais perguntem à entrevistadora, mas é possível que ela te dê uma visão da sua situação.

Resultado do Júri final do Mestrado - momento decisivo

Como eu disse, o resultado da primeira faculdade (temos que escolher duas) sai em meados de abril e, caso não tenha sido aceito para a primeira, ainda tem a chance de ir para a segunda, o resultado saindo em meados de maio. Como você podem ver, é um processo longo que dura seis meses e é preciso um pouco de dedicação a ele. Eu fiz ao mesmo tempo que terminava a graduação, e tinha que terminá-la senão não poderia ingressar no mestrado, né?
Então, esses petits riens que vão te dar o resultado final. Aliás, essa vai ser a música do dia. Como a música de ontem, não vou colocar a versão original, mas a que eu mais gosto, essa de Stacey Kent, com Ces Petits Riens. Au revoir e estou aberta à questões quanto ao mestrado!

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